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Adam Elsheimer, Bruxa de Endor (1805)
Há um caminho pelas profundezas da alma. Nele devemos deixar o Eu social de fora da caminhada. Despir as vestes mundanas e assumir a nudez sacra como sinal do despojamento do ego. O caminho numinoso da percepção dá-se pela ligação à terra, ossos e sangue. A energia telúrica emanada das profundezas da terra sobe ao corpo médio, e a essência selvagem do Eu transmuta-se na essência ancestral e divina do numen.
✠
Espírito original do desejo,
Da água da vida no sangue da vontade,
Faz-te pela via da visão.
Seio ancestral da palavra,
Dos ventos atávicos da noite,
Faz-te pela fala da oração.
Ventre primitivo do gesto,
Que sucumbes à terra para dar vida aos ossos,
Faz-te pela carne da acção.
Útero primordial da magia,
Numen de antanho e da infinitude,
Faz-te pelo olho, pela boca e pela mão.